segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Em todas as ruas te encontro


Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto, tão perto, tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Em todas as ruas te encontro
Em todas as ruas te perco

Mário Cesariny


Subitamente releio Cesariny. E também eu sei que deâmbulo pelas ruas da cidade procurando o teu braço, imaginando a tua figura, esperando encontrar-te perdido, perdendo eu própria a minha dimensão real. Transfigura-se o meu corpo em água corrente, emoções à solta , que quero libertar...Não te conheço. Onde estás?
Hoje comecei finalmente a visualizar a tua partida. Vais de costas, vejo-te andar ao longe. Não caminhas, vais, não páras, foges ...de mim, do mundo.