segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Em cada manhã encontrar a lógica essencial, a semente escondida, o aroma difuso, o cheiro a terra molhada, o canteiro florido, o vento revolvendo os teus cabelos.


Em cada encontro trocar pequenos gestos de amor, sorrisos despertos, o afago de mãe, o abraço franco de quem se quer bem, o braço que te ampara quando estás triste.

Em cada paisagem recortar uma árvore, reinventar a travessia, o deslumbramento inicial de quem se entrega de alma solta e olhar no horizonte para além do horizonte.

Em cada vibração de som descobrir a música, a modelação de cada voz humana, o ritmo interno dessa harmonia única, a fusão da pureza, da inocência, da grandiosidade, do fulgor.

Em cada momento ler as cores do mundo, manchas cromáticas, vagas aguarelas, reflexos de luz girando sobre o claro escuro do que nos cerca, anima e nos prende o olhar.

Em cada estado de alma afagar a surpresa, os prémios, os desaires, as novas conquistas , as percas, o frisson do medo e do prazer, sempre saltando de emoção em emoção.

Em cada estação liberar o que nos pesa, renovar, transgredir, ir mais além.

A vida é um presente inesgotável, um calor bom que nunca acaba, é preciso mesmo é saber viver. Acordar os sentidos, apreciar os afectos, suspender o tempo, as rotinas, os deveres.

Parar. Contemplar apenas o planar de uma gaivota, a folha que cai, a areia que escorre por entre os nossos dedos, o raio de sol,a partilha da ternura, dos estados de alma genuínos, dos doces sabores, do que tenho, do que sei, do que sou. Isso é viver.

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